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Ode à felicidade

Desde o dia 10 de novembro, um comercial da gigante de telecomunicações alemã Telekom está circulando em emissoras de televisão daqui. Achei o cenário bastante familiar na primeira vez que vi o spot na TV. Não matei a charada logo de cara, porque tinha  perdido o começo da propaganda.

Pesquisei na internet e eureka! O comercial foi gravado na estação central de trens de Leipzig um dia antes do aniversário de 20 anos da queda do muro de Berlim.

Vou confessar: moro na cidade e não fiquei sabendo disso. Talvez porque passei o dia 08 de novembro todinho na frente do computador, preparando os posts que iam sair no dia seguinte aqui no Memórias do Muro.

O concerto foi chamado de “Ode an die Freude” ou em uma tradução livre Ode à felicidade. Sob o mote “fronteiras existiam ontem”, a Telekom convidou as pessoas a irem à estação central para fazer parte de uma ação coletiva, até então mantida em segredo.

Paul Potts, o primeiro vencedor do programa Britain’s Got Talent (o mesmo programa que consagrou Susan Boyle) foi a atração surpresa e cantou junto com um coral improvisado naquele momento, formado por mais de mil pessoas que tinham ido à estação de trens para desvendar o que seria essa tal flash mob misteriosa.

Aí vai a propaganda com a Sinfonia 9 de Beethoven cantada por Paul Potts e o “coral sem fronteiras” e regência do maestro americano James Wood. Não deixa de ser uma bela sacada de marketing da empresa. Entenda porque Leipzig é tão importante na queda do muro de Berlim.

Em tempo: não ganhei nada pra escrever esse post e tampouco sou cliente da Telekom.

Potsdamer Platz, 09.Nov.09

Aqui algumas fotos que tirei ontem na festa de 20 anos da queda do muro de Berlim. Como costumo dizer: Todas as imagens são feitas com uma câmera digital, caseira mesmo. Para mim o que vale é o registro de um momento ou de um lugar. Não busco a estética perfeita. Apenas abro os olhos para o que me circunda.

Nesse post faço um relato pessoal sobre a festa.

Chuva.

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O que pensará?

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Gigantes.

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A festa transmitida em telões.

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Pou, pou!

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Orgia de fogos no ceu.

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Indo para casa.

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Multidão atééé longe.

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Havia uma camisa no meio do caminho, no meio do caminho...

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Voltando ao normal.

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Fim de festa à espera do metrô.

Festa da liberdade

Dia 09 de novembro de 2009. Às 5 da tarde já estava tão escuro como se fosse noite densa. A chuva não dava trégua desde a manhã. A caminho de Berlim, eu estava ansiosa em fazer parte da festa da liberdade, em alemão Fest der Freiheit que celebraria os 20 anos da queda do muro símbolo da repressão.

Tão envolvida com os relatos, vídeos e fotos de 89 e da História da RDA em geral, não pude deixar de me emocionar com essa comemoração que, agora, penso também ser minha. Sinto que a História da queda do muro de Berlim vai mais além da Alemanha. A mensagem de (re)união e luta das pessoas por liberdade é fato que provoca reflexões em todo o mundo. Infelizmente ainda há muitos muros físicos e ideológicos a serem derrubados. Ontem fiz esse post com um link interessantíssimo falando do assunto.

Cheguei em cima da hora no palco das celebrações, portanto era de se esperar que eu não teria acesso ao Portão de Brandemburgo. Mas na Potsdamer Platz pude juntar-me à multidão que não ligava pra chuva e frio e se aglomerava lá para ver toda a festa sendo transmitida ao vivo em telões. A paisagem ao meu redor era inusitada: havia um verdadeiro muro móvel de guarda-chuvas!

Plácido Domingo cantou e emocionou. Aqui um vídeo de sua apresentação (continue lendo o post depois).

Depois veio Bon Jovi com a sua recém composta “We weren’t born to follow” (tradução livre: nós não nascemos para seguir). Fiquei surpresa ao ver um cantor não germânico ganhar tanto destaque na festa e confesso não ter entendido bem essa escolha. No entanto, pesquisando na internet descobri que o artista tem uma relação com Berlim desde o fim da década de 80 e compôs essa música dedicada à independência e a aqueles que lutaram pela liberdade mesmo em meio às adversidades.

O cantor se apresentou no chão debaixo de uma chuva fina e fria. Rolou um playback, mas tudo bem. Era dia de festa. Vejam o vídeo e sigam lendo o post abaixo.

Comecei a tirar fotos e a observar os arredores. Pessoas encolhidas pelo frio, celulares, câmeras digitais, anúncios publicitários gigantes por todos os lados. Especialmente ontem, essa conjunção de fatores me chamou a atenção. Um novo mundo tinha adentrado o coração de Berlim. Enquanto o muro esteve erguido, a Potsdamer Platz foi dividida e certamente era bem diferente do que eu via ali naquele momento.

Durante as horas que estive lá, tentei me transportar no tempo e imaginar como tinha sido há 20 anos. A alguns metros dali, as pessoas já deviam estar subindo no muro próximo ao portão de Brandemburgo, a euforia coletiva devia estar em cada esquina e as duas partes de Berlim já se reencontravam e se abraçavam abrindo caminho para uma nova era, um novo país.

Uma pena que a festa de ontem foi tão organizada para ser transmitida ao vivo. Parecia mais um programa de TV que uma  celebração popular. Mas a atmosfera de alegria  e o orgulho da liberdade conquistada com tanto esforço imperavam nessa noite memorável. Acabada a festa, tomei um Glühwein (vinho quente com ervas típico do período frio) já esperando as celebrações de 2010, 2011, 2012…

AQUI um vídeo  com uma reportagem sobre a festa. Está em alemão. E abaixo outro vídeo com o coral “Adoro” cantando na festa de ontem uma música bem famosa aqui chamada Freiheit – Liberdade.

Ute und Bernd (deutsch)

Aus Anlass des 20. Jahrestages des Mauerfalls habe ich ein paar Interviews mit Menschen, die in der DDR gelebt haben, vorbereitet. Es sind Leute, die ihre ganz persönlichen Meinungen für meinen Blog gegeben haben.

Die Wende ist ja ein Thema, das weiter diskutiert wird. Und ich freue mich, euch die Gedanken der Zeitzeugen zu bringen.

Ute & Bernd 2009

Ute und Bernd O., 2009.

Hier ein Interview mit Ute und Bernd O. Beide sind in Erfurt geboren. Sie ist 45 Jahre alt und Pflegehelferin. Er ist 54 Jahre alt und Kaufmann.

THE WALL MEMORIES – Was sind eure Erinnerungen an die DDR-Zeiten?

BERND – gut: Kindergarten und Schulhort, Zusammenspiel Elternhaus und Schule, Ferienspiele, Ferienlager, viele gesellschaftliche Veranstaltungen, Schulsport, Schul-Sport-Spartakiade, Weltfestspiele der Jugend in Berlin, Fußball im Verein ab dem 7. Lebensjahr bis zur Sportschule und DDR-Fußballschiedsrichter der 2.Liga, Ausbildung zum Ökonom für EDV im Fernstudium, u. a.

UTE – Gut: Schule, Freizeitbeschäftigung, Schulklassen bis zum 8.Schuljahr.

UTE und BERND – Schlecht: wenig Obst, viele Einschränkungen bei Reisen, viele Kontrollorgane, der Personalchef wußte fast alles Dienstliche und Private  von der Familie, Diktieren einer Entscheidung, Autoanmeldung. Wollte man ein privates Ziel erreichen wurden Bedingungen gestellt (Parteizugehörigkeit).

TWM – Wo wart ihr am 9. November 1989? Was habt ihr mit eurer Familie gemacht? Habt ihr gefeiert? Was habt ihr gefühlt/gedacht über den Mauerfall? Habt ihr irgendwann bei einem Protest mitgemacht?

UTE und BERND – Wir waren zu Hause, da unser Kind erst 15 Monate alt war. Mit einem komischen Gefühl haben wir sie alle feiern gesehen und gedacht, ob das nicht mal gut geht !? (…) Wir sind nur einmal in einem Schweigemarsch hineingekommen, etwas mitgelaufen. Es war eine gespannte Stimmung, die hätte jeden Moment umschlagen können. Mit Frau und Kinderwagen war es ein Risiko.

TWM – Gab es irgendwie Schwierigkeiten euch an das “neue Land” zu gewöhnen?

UTE und BERND – Das ständige Umdenken mit der Währung, der Situationen im Betrieb, Wohnung, Arbeit, Freizeit, Einkauf und die ständige Ungewissheit, ob es der Familie weiterhin so gut geht, machte schon einen gewissen Streß. Man mußte sehr schnell die Dinge selber in die Hand nehmen und regeln. Wir können sagen, dass wir es beide schnell geschafft haben, in anderen Betrieben eine neue Arbeit zu erlangen. Das selbständige Bewegen in der Gesellschaft, ob Sozialismus oder Kapitalismus, fiel uns nicht schwer.

TWM –  Gibt es etwas von damals, dass ihr vermisst?

UTE und BERND – Ja, wir vermissen das gesellschaftliche Zusammenleben mit Freunden und Bekannten. Jetzt sind alle zu Egoisten erzogen und werden gezwungen auch so zu handeln. Der Staat DDR hat sich da mehr Gedanken um die Gesellschaft gemacht.

TWM – 20 Jahre nach dem Mauerfall. Was denkt ihr über die Wende?

UTE und BERND – Das System Sozialismus/Kommunismus gleicht doch irgendwie dem Kapitalismus. Die Politik ist identisch; der kleine Mann wird ausgebeutet und unterdrückt. Auch findet eine kontrollierende Freiheit statt. Die Wende hat die Reisefreiheit gebracht, aber nur, wenn Du finanzielle Mittel hast. Die Armut und die Arbeitslosigkeit steigt ständig.

Dem Staat interessiert nur die eigene finanzielle Sicherheit, weniger die Einzelpersonen in der Gesellschaft. Der heutige Staat hat keine klaren, eindeutigen Gesetze, sondern nur solche, die er drehen und wenden kann, damit er immer im Vorteil bleibt.

schild_olleDDR

Museumsbaracke "Olle DDR"

TWM – Was denkst du über die “Ostalgie” von heutzutage?

BERND – Ich fördere die Ostalgie. Meine sämtlichen besonderen Gegenstände der damaligen DDR befinden sich in einem Museum in Auerstedt bei Bad Sulza. Dort befinden sich Urkunden von persönlichen Auszeichnungen, Sport-Wimpel, ein alter Fotoapparat, Telefon, Radio, Wasserkocher, Kühlschrank, Komode, Schreibwaren und vieles mehr.

TWM – Was sind aus eurer Sicht die grössten Unterschiede zwischen Ost und Westdeutschland, die noch lebendig sind? Wie kann man das ändern?

UTE und BERND – Ein West-Mensch wird niemals aufhören westlich zu denken. Ein Ost-Mensch denkt aber schon Gesamt-Deutsch, da er zum größten Teil für eine westliche Firma arbeitet und in Ost-Deutschland weiter wohnt. Ein West-Mensch kann die Gesellschaft der DDR nicht verstehen, da er nie darüber die Wahrheit erfahren hat. Ich sage mal, sie kannten die DDR nur aus der BILD-Zeitung !!! (…)

Das Allgemein-Wissen eines Ost-Deutschen ist besser, da die schulische Ausbildung sehr gut war. Die Schieflage kann eigentlich nur der Staat selber in Ordnung bringen, in dem er gesamtdeutsche Aussagen macht und nicht immer wieder durch Gesetze Ost-West Unterschiede beschreibt.

Bei der Lohnzahlung wird in vielen Bereichen noch unterschiedlicher Lohn für gleiche Arbeit gezahlt. Es wird immer ein Ost-Mensch und ein OST-Deutschland für den WESTEN geben, da sie sich immer als Sieger und Geldgeber darstellen.

TWM – Gibt es eine persönliche Geschichte in der DDR, die du damals erfahren hast und mit uns teilen kannst?

BERND – In meiner Akte war eine Kopie eines Briefes an meinen Freund, der vor 1989 die DDR auf illegale Weise verlassen hatte.

Damals kamen Angehörige der Staatssicherheit und stellten mir Fragen über die Flucht meines Freundes aus der DDR. Er mußte damals für mehrere Monate ins Gefängnis bis der Ausreiseantrag gestellt war. Als er in der BRD angekommen war, schrieb er mir in einem Brief, wo er sich befindet und was er jetzt macht. Dieser Brief wurde von der Staatssicherheit kopiert und in meine Akte gelegt. Wir treffen uns jetzt alle zwei Jahre und reden über alte Zeiten.