Category Archives: Entrevista / Interview

Fotos proibidas

English version below.

A Revista Spiegel dessa semana, traz uma entrevista bem interessante com o fotógrafo alemão Siegfried Wittenburg. Ele fez imagens que foram proibidas na época da Alemanha Oriental. À beira do colapso, o sistema certamente não queria demonstrar suas fraquezas e mazelas.

"Quanto mais forte o socialismo, mais certa a paz". Foto: Siegfried Wittenburg

Ele cita que após a queda do muro e com a abertura dos arquivos da STASI (polícia secreta da Alemanha Oriental), ele acabou descobrindo no seu fichário que um chefe dele de então, tinha desconfianças sobre o seu hobby de fotografar lugares e situações aparentemente banais.

O fotógrafo disse que teve sorte, já que era mais fácil detectar intenções rebeldes em textos do que em fotos.

Essa foto acima integra uma exposição com outras imagens do fotógrafo no Museu Falkensee, próximo a Berlim. Elas podem ser vistas até 26 de setembro de 2010.

As fotos da reportagem com descrições detalhadas estão AQUI . E a entrevista com o fotógrafo AQUI. Tudo em inglês.

::::::::::::::::::::::::::

FORBIDDEN PHOTOS

The Spiegel magazine of the current week, has an interesting interview with the photographer Siegfried Wittenburg. He made some photos, which were forbidden in GDR times. About to collapse, the regime certainly didn’t want to show its weaknesses and problems.

This photo above is part of an ehxibitin with other photos of the photographer in the Falkensee Museum, close to Berlin. They can be appreciated until September 26, 2010.

The article’s photos with full descriptions are HERE. And the interview with Siegfried Wittenburg is HERE. Everything in English.

Lembranças da notícia chegando a Cuba

Texto do escritor e diretor de cinema Raydel Araoz, feito especialmente para o Memórias do Muro.

Ia terminar o ensino médio, depois fazer o pré (vestibular) e em seguida iria estudar na União Soviética. Assim era o meu mundo aos 15 anos. Uma linha reta em direção a um futuro definido pelo sonho de uma família revolucionária, de “classe média cubana”, se é que existe essa denominação.

Nesses dias, caminhando pelos corredores da minha escola,  um convento de monjas desapropriado no início da revolução, escutei o rumor entre os professores sobre uma greve.

Era uma notícia incompreensível. O socialismo não tinha greves, nem crise econômica e tampouco desemprego. E os mesmos professores que tinham nos ensinado isso nas aulas de fundamentos do marxismo e História contemporânea, falavam agora dessa greve.

Os rumores cresceram nos corredores, passando de professores para alunos, como uma notícia confusa de forma retangular. Se criavam grupos, discussões, se falava de quem era melhor: os americanos ou os russos. Se falava de traição. Alguém disse: proibiram a revista Sputnik.

Em casa procurei na coleção que o meu pai tinha da Sputnik. Nos seus últimos números deixou de ser a revista do ursinho Misha e do progresso de Moscou, para mostrar outra história da União Soviética, a do ditador Stálin. O dique começava a ceder às nossas costas e em silêncio.

A escola terminou assim como começou: prometendo uma terra prometida, a dos manuais. No entanto, naquele verão o julgamento do General Ochoa por tráfico de drogas comoveu o país inteiro. Até então, acreditávamos que o tema das drogas era algo alheio a Cuba, ainda mais no Exército. O impacto do julgamento encobriu as notícias internacionais desse ano.

Meses depois, o muro de Berlim caiu, mas esse estrondo chegou debilitado a Cuba. A uma Cuba que encarava o bloco socialista como eterno e continuava adiando o capitalismo.

Assim, quando eu realmente fui me dar conta do que siginificava a queda do muro de Berlim, esse fato tinha virado História e o período especial entrava pela porta da minha casa.

Então, na escuridão do apagão, ainda com espíriro romântico, nos perguntávamos: ” o que vai acontecer agora com a Alemanha?” “o que acontecerá com a União Soviética?”.

Recuerdos de la noticia llegando a Cuba

Texto del escritor y director de cine Raydel Araoz, hecho especialmente para “Memorias del Muro”.

Iba a terminar la secundaría básica, luego hacer el pre y estudiar en la Unión Soviética. Así era mi mundo a los 15 años, una línea recta hacia un futuro definido en el sueño de una familia revolucionaria, de “clase media cubana”, si existe esa denominación.

En esos días caminando por los pasillos de mi escuela, un convento de monjas expropiado a principio de la revolución, escuché el rumor entre los profesores de una huelga en los países socialistas.

Era una noticia incomprensible, el socialismo no tenía huelgas, ni crisis económica, ni desempleo. Y eran los mismos profesores que nos habían enseñado eso, en las clases de fundamentos del marxismo e historia contemporánea, los que hablaban de la huelga.

El rumor creció a nivel de pasillo, pasando de los profesores a los alumnos como una noticia confusa de forma rectangular. Se creaban grupos, discusiones, se hablaba de quienes eran mejor si los americanos o los rusos, se hablaba de traición. Alguien dijo: prohibieron la revista Sputnik.

En la casa revisé la colección que mi padre tenía de Sputnik. En sus últimos números dejó de ser la revista del osito Misha y del progreso de Moscú, para mostrar otra historia de la Unión Soviética, la del dictador Stalin. El dique comenzaba a ceder a nuestras espaldas y en silencio.

La escuela terminó como empezó, predicando una tierra prometida, la de los manuales. Sin embargo ese verano el juicio al General Ochoa por tráfico de drogas conmocionó  a todo el país. Hasta entonces creíamos que (el tema de) las drogas era algo ajeno a Cuba, y más aún al ejército. El impacto del juicio nubló las noticias internacionales de en ese año.

Meses después cayó el muro (de Berlin) pero su estruendo llegó debilitado a Cuba. A una Cuba que suponía que suponía que el campo socialista era eterno y se extendía desplazando al capitalismo.

Así que cuando supe a ciencia cierta que significaba la caída del muro de Berlín, ya el hecho era historia y el periodo especial entraba por la puerta de mi casa.

Entonces en la oscuridad del apagón, aun con espíritu romántico, nos preguntábamos: “¿qué pasará ahora con Alemania?,” “¿qué pasará ahora con la Unión Soviética?”.

Enrico (português)

Aqui uma entrevista com Enrico Gwinner. Ele nasceu em 1966 na província de Eisenhüttenstadt próxima a Frankfurt Oder, no estado de Brandemburgo. Enrico trabalha como eletrotécnico.

MEMÓRIAS DO MURO – Quais são as suas lembranças dos tempos da RDA?

enrico_DJ

Enrico (esquerda) como DJ na RDA. Foto: arquivo pessoal.

ENRICO – uma infância serena e despreocupada; a vida não era tão agitada, tudo era mais devagar, tranquilo, honesto; uma juventude feliz com companheiros, ida a shows, acampamentos; as coisas não eram tão complexas e burguesas como hoje; 3 anos de serviços prestados à Marinha; sonhos do mundo distante; (lembro de) estar por aí viajando como DJ.

MDM – Onde você estava em 09 de novembro de 1989? Chegou a celebrar? O que pensou e sentiu sobre a queda do muro? Participou de algum protesto contra a RDA?

E – eu estava em casa e por acaso, vi a transmissão ao vivo da coletiva dada por Schabowski; era difícil acreditar naquilo; nós fomos direto no dia 11 de novembro para a Berlim ocidental; eu pensei “ah, vamos ver como as coisas na RDA vão continuar  – tudo ficará melhor”.

MDM – Você teve dificuldades em se acostumar ao “novo país”?

E – foi preciso cuidar de tudo sozinho de uma só vez; cada dia acontecia algo novo, insólito; o tempo passava tão depressa e era emocionante.

MDM – Há algo da época da RDA de que você sinta falta?

E – A sensação de pertencer a um grupo.

Enrico_scotpic

Enrico com sua esposa Simone na Escócia. Foto: arquivo pessoal.

MDM – 20 anos depois da queda do muro de Berlim. O que você pensa sobre essa transição?

E – para mim, pessoalmente, essa transição veio no momento certo; ela foi necessária se não a RDA teria desmoronado como um castelo de cartas (…); eu jamais poderia ter estudado com mais de trinta anos; eu não teria conhecido o meu grande amor, a Escócia; eu fico chateado  com as injustiças contra os antigos cidadãos da RDA, quando as pessoas da antiga RFA se acham no direito de nos julgar.

MDM – O que você pensa sobre a “Ostalgia” dos dias atuais (Ostalgie é um termo em alemão utilizado na antiga região da RDA  e que significa ‘nostalgia do leste’)?

E – é importante reconhecer suas raízes e não esquecer delas, mas não se deve tentar ver tudo cor-de-rosa e dizer que antes era tudo melhor.

MDM – Na sua opinião, quais são as maiores diferenças entre o Leste e o Oeste alemão que ainda existem?

E – nós aqui da então RDA seremos sempre tratados como pessoas de segunda classe. Vai desde os salários até a exploração da infra-estrututura; em parte, as pessoas do antigo país (parte Ocidental) não sabem nada a nosso respeito; (…) ainda são necessárias no mínimo duas gerações até  que a divisão (entre as Alemanhas) seja metabolizada.

MDM – Há alguma história pessoal que você tenha vivido na RDA e que possa compartilhar com o blogue?
E – Desde muito tempo eu sempre quis ser navegador para percorrer os mares. Todos os meus pensamentos e atos foram colocados  para eu alcançar esse objetivo. Primeiro, (seria) a educação profissionalizante e depois no mínimo 3 anos no exército, de preferência na marinha, porque aí ia dar certo mais pra frente.
Quando todo o processo doloroso de enviar currículos e  fazer entrevistas  estava resolvido e eu já podia ficar contente,  foi tudo embora bem depressa.
Depois dos cerca de 3 anos de preparação, verificou-se com os responsáveis que eu tinha muitos  parentes na parte ocidental da Alemanha. Isso na RDA era como um golpe mortal para quem queria seguir esse tipo de carreira.
Mas eu superei e depois, esse indeferimento foi uma espécie de libertação para mim, porque eu pude me desenvolver em direção a onde estou hoje.

Enrico (deutsch)

Hier ein Interview mit Enrico Gwinner. Er ist in Eisenhüttenstadt (bei Frankfurt Oder) in 1966 geboren. Er arbeitet als Elektrotechniker.
enrico_DJ

Enrico (L) als DJ in der DDR.

THE WALL MEMORIES – Was sind deine Erinnerungen an die DDR-Zeiten?

ENRICO – eine unbeschwerte sorglose Kindheit; das Leben war nicht so hektisch, alles ging langsamer, ruhiger, erhrlicher; fröhliches Jugendleben mit Kumpels, Konzerte besuchen, Campen; alle waren nicht so verklemmt und spießig wie heute; 3 Jahre in der Marine dienen; träumen von der weiten Welt; als DJ unterwegs zu sein.

 

TWM – Wo warst du am 9. November 1989? Was hast du mit deiner Familie gemacht? Was hast du gefühlt/gedacht über die Mauerfall? Hast du irgendwann bei einem Protest mitgemacht?

E – ich war zu Hause und habe zufällig die Sendung mit dem Schabowski live gesehen; wir sind am 11.11. gleich nach Westberlin gefahren; habe gedacht na mal sehen wie es in der DDR weitergeht – alles wird besser; man konnte es gar nicht glauben.

TWM – Gab es irgendwie Schwierigkeiten dich an das “neue Land” zu gewöhnen?

E – man mußte sich auf einmal um alles selber kümmern ; es passierte jeden Tag was neues, ungewohntes; die Zeit war so schnell und aufregend.
TWM – Gibt es etwas von damals, dass du vermisst?
E – Das Zusammengehöhrigkeitsgefühl.

Enrico_scotpic

Enrico mit seiner Frau Simone in Schottland.

TWM – 20 Jahre nach dem Mauerfall. Was denkst du über die Wende?
E – für mich persönlich kam sie gerade rechtzeitig; sie war notwendig sonst wäre die DDR zusammengefallen wie ein Kartenhaus, wenn man heute alte Städte wie Dresden, Leipzig, Stralsund oder Bautzen sieht – die gebe es nicht mehr; ich hätte nie und nimmer mit ende 30 noch studieren können; meine große Liebe  – Schottland – hätte ich nicht kennengelernt; mich ärgern die ungerechtigkeiten gegenüber den ehemaligen DDR-Bürgern, wenn Leute aus der ALT-BRD sich anmaßen über uns zu urteilen.

 

TWM – Was denkst du über die “Ostalgie” von heutzutage?

E – es ist wichtig seine Wurzeln zu kennen und sie nicht zu vergessen, aber man sollte nicht versuchen alles in Rosarot zu sehen und zusagen damals war alles besser.
TWM – Was sind aus deiner Sicht die grössten Unterschiede zwischen Ost und Westdeutschland, die noch lebendig sind?
E – wir hier in der DDR werden immer noch behandelt wie Menschen zweiter Klasse, das fängt bei den Löhnen an und hört beim Ausbau der Infrastruktur auf; teilweise wissen die Leute, im Altland, gar nichts über uns; ändern kann man das nicht, der deutsche Charakter ist dafür nicht geschaffen; es brauch mindestens noch 2 Generationen, bis die Teilung verarbeitet ist.
TWM – Gibt es eine persönliche Geschichte in der DDR, die du damals erfahren hast?
E – So lange ich zurückdenken kann, wollte ich immer schon, als Seemann, die Meere bereisen. Mein ganzes Denken und handeln war darauf ausgelegt diese Ziel zu erreichen. Erstmal Berufsausbildung und dann mindestens 3 Jahre in die Armee, vorzugsweise Marine, weil das würde ja dann später passen.
Als dann die mühsamen Bewerbungen und Vorstellungsgespräche alle erledigt waren und ich mich schon freute, war es auch schon ganz schnell vorbei.
Nach ungefähr 3 Jahren der Vorbereitung stellte sich dann bei den Verantwortlichen heraus, dass ich doch sehr viel Verwandschaft im westlichen Teil von Deutschland hatte. Das war in der DDR ein Todesstoß für solch einen Berufswunsch.
Aber ich habe es überlebt und im Nachhinein war die Ablehnung doch eher eine Befreiung für mich, denn ich konnte mich dahin entwickeln wo ich heute bin.

 

Ute e Bernd (português)

Em decorrência dos 20 anos da queda do muro de Berlim, eu preparei  algumas entrevistas com pessoas que viveram na RDA. Elas deram suas opiniões bastante pessoais para o blogue.

Nos especiais jornalísticos que tenho visto sobre essa data histórica, muita gente se concentrou em Berlim – não sem razão. Mas eu quis fugir um pouco disso, já que a RDA ia mais além da Berlim Oriental.

Essa mudança de rumos chamada em alemão de Wende, é um tema que vai continuar sendo discutido. E eu fico muito feliz em trazer a vocês, leitores e visitantes do Memórias do Muro, as opiniões das testemunhas da História.

Ute & Bernd 2009

Ute und Bernd O., 2009. Foto: arquivo pessoal

Aqui segue uma entrevista que fiz por e-mail com Ute e Bernd O. Os dois nasceram na cidade de Erfurt, capital do estado da Turíngia. Ela tem 45 anos e é auxiliar de enfermagem. Ele tem 54 anos e é vendedor.

MEMÓRIAS DO MURO – Quais são as lembranças de vocês dos tempos da RDA?

BERND – aspectos positivos: Jardins de infância e localização das escolas;  Espírito de coletividade, família e escolas; Jogos e colônias de férias; muitas atividades sociais; Jogos mundias da juventudo em Berlim; Associações de Futebol a partir de 7 anos de idade até a escola de esportes; formação de ensino à distância em economia de processamento de  dados, entre outras coisas.

UTE – aspectos positivos: Escola, ocupações durante o tempo livre, aulas até o oitavo ano escolar.

UTE e BERND – Aspectos negativos: poucas frutas; muitas restrições para viagens; muitos órgãos controladores; o chefe sabia quase tudo sobre a vida profissional e privada da família (dos trabalhadores); ordem das decisões a serem tomadas; registro para obter um carro; se alguém quisesse alcançar um objetivo privado, algumas condições eram  impostas, por exemplo adesão ao partido político.

MDM – Onde estavam em 09 de novembro de 1989? Chegaram a celebrar? O que pensaram e sentiram sobre a queda do muro? Participaram de algum protesto contra a RDA?

UTE e BERND – Nós estávamos em casa, já que a nossa filha só tinha 15 meses de idade. Nós vimos todos celebrarem e sentimos uma sensação estranha. Pensamos se aquilo não seria bom!? (…) Uma vez nós fomos a uma marcha silenciosa e caminhamos por algum tempo com as pessoas. Era uma atmosfesra tensa, que poderia mudar de rumos a qualquer momento. Com esposa e carrinho de bebê era muito arriscado (fazer parte de protestos).

MDM – Vocês tiveram dificuldades em se acostumar ao “novo país”?

UTE e BERND – A permanente conversão dos preços de uma moeda para outra; as situações de empresa, moradia, trabalho, tempo livre, compras e a incerteza constante se a família iria seguir bem: todos esses fatores provocaram certo estresse. Era necessário controlar as coisas muito rapidamente. Nós podemos dizer que ambos conseguimos encontrar rapidamente um novo trabalho em outras empresas. A movimentação autônoma na sociedade, seja no socialismo ou no capitalismo, não foi difícil para nós.

MDM – Há algo daquela época de que vocês sintam falta?

UTE e BERND – Sim, nós sentimos falta da vida comum em sociedade com amigos e conhecidos. Agora todos são criados de maneira muito egoísta  e são forçados a agir dessa forma. O Estado RDA pensava mais na sociedade.

MDM – 20 anos depois da queda do muro de Berlim. O que vocês pensam sobre a transição?

UTE e BERND – O sistema socialista/comunista se equipara, de alguma maneira, ao capitalismo. A política é idêntica; o homem pequeno será explorado e oprimido. E há também uma liberdade controlada. A transição trouxe a liberdade para fazer viagens, mas somente se você tem os recursos financeiros para isso. A pobreza e o desemprego crescem continuamente.

Ao Estado interessa apenas a própria segurança financeira e há menos interesse nos indivíduos da sociedade. O Estado de hoje não tem leis claras e concretas, mas somente aquelas que podem ser transformadas para que o Estado permaneça em vantagem.

schild_olleDDR
Museu “Olle DDR” em Auerstedt, na Turíngia.

MDM – O que você pensa sobre a “Ostalgia” dos dias atuais (Ostalgie é um termo em alemão utilizado na antiga região da RDA  e que significa ‘nostalgia do leste’)?

BERND – Eu promovo a Ostalgia. Todos os meus objetos especiais da então RDA estão em um museu na cidade de Auerstedt (no estado da Turíngia). Lá estão certificados de condecorações pessoais, flâmulas esportivas, uma câmera fotográfica antiga, um telefone, rádio, chaleira, geladeira, cômoda, artigos de escritório e outras coisas mais.

MDM – Na opinião de vocês, quais são as maiores diferenças entre o Leste e o Oeste alemão que ainda existem?

UTE e BERND – uma pessoa do Oeste nunca vai deixar de pensar à maneira ocidental. Uma pessoa do Leste pensa de um jeito mais alemão, já que em muitos casos essa pessoa trabalha para uma empresa do Oeste e continua morando no Leste.

Uma pessoa do Oeste não pode entender a sociedade da RDA, já que ela não sabe a verdade. (…) Com relação aos pagamentos ainda há em muitos setores, salários diferentes para o mesmo trabalho. Para o Oeste sempre haverá uma pessoa do Leste e uma Alemanha Oriental, já que eles se  visualizam sempre como vitoriosos e donos do dinheiro.

MDM – Há alguma história pessoal que você tenha vivido na RDA e que possa compartilhar com o blogue?

BERND – Nos meus dossiês* havia uma cópia de uma carta que enviei a um amigo meu, que havia deixado a RDA de maneira ilegal antes de 1989.

À época vieram até mim uns funcionários da STASI e me perguntaram sobre a fuga do meu amigo da RDA. Ele precisou ficar por alguns meses na cadeia até que a sua solicitação de viagem saísse.

Quando ele chegou na RFA, me escreveu uma carta contando onde estava e o que andava fazendo. ´Toda essa correspondência foi copiada pela STASI e colocada nos meus dossiês.

Atualmente esse amigo e eu nos encontramos a cada dois anos e conversamos sobre os velhos tempos.

*Nota da autora: após a unificação das Alemanhas, os arquivos da Polícia Secreta da Alemanha Oriental, STASI, foram abertos ao público. Muitas pessoas descobriram que eram espionadas através do acesso aos seus dossiês pessoais. Nas próximas semanas, aqui no blogue, uma entrevista exclusiva com uma pessoa contando sua experiência com a STASI.

Ute und Bernd (deutsch)

Aus Anlass des 20. Jahrestages des Mauerfalls habe ich ein paar Interviews mit Menschen, die in der DDR gelebt haben, vorbereitet. Es sind Leute, die ihre ganz persönlichen Meinungen für meinen Blog gegeben haben.

Die Wende ist ja ein Thema, das weiter diskutiert wird. Und ich freue mich, euch die Gedanken der Zeitzeugen zu bringen.

Ute & Bernd 2009

Ute und Bernd O., 2009.

Hier ein Interview mit Ute und Bernd O. Beide sind in Erfurt geboren. Sie ist 45 Jahre alt und Pflegehelferin. Er ist 54 Jahre alt und Kaufmann.

THE WALL MEMORIES – Was sind eure Erinnerungen an die DDR-Zeiten?

BERND – gut: Kindergarten und Schulhort, Zusammenspiel Elternhaus und Schule, Ferienspiele, Ferienlager, viele gesellschaftliche Veranstaltungen, Schulsport, Schul-Sport-Spartakiade, Weltfestspiele der Jugend in Berlin, Fußball im Verein ab dem 7. Lebensjahr bis zur Sportschule und DDR-Fußballschiedsrichter der 2.Liga, Ausbildung zum Ökonom für EDV im Fernstudium, u. a.

UTE – Gut: Schule, Freizeitbeschäftigung, Schulklassen bis zum 8.Schuljahr.

UTE und BERND – Schlecht: wenig Obst, viele Einschränkungen bei Reisen, viele Kontrollorgane, der Personalchef wußte fast alles Dienstliche und Private  von der Familie, Diktieren einer Entscheidung, Autoanmeldung. Wollte man ein privates Ziel erreichen wurden Bedingungen gestellt (Parteizugehörigkeit).

TWM – Wo wart ihr am 9. November 1989? Was habt ihr mit eurer Familie gemacht? Habt ihr gefeiert? Was habt ihr gefühlt/gedacht über den Mauerfall? Habt ihr irgendwann bei einem Protest mitgemacht?

UTE und BERND – Wir waren zu Hause, da unser Kind erst 15 Monate alt war. Mit einem komischen Gefühl haben wir sie alle feiern gesehen und gedacht, ob das nicht mal gut geht !? (…) Wir sind nur einmal in einem Schweigemarsch hineingekommen, etwas mitgelaufen. Es war eine gespannte Stimmung, die hätte jeden Moment umschlagen können. Mit Frau und Kinderwagen war es ein Risiko.

TWM – Gab es irgendwie Schwierigkeiten euch an das “neue Land” zu gewöhnen?

UTE und BERND – Das ständige Umdenken mit der Währung, der Situationen im Betrieb, Wohnung, Arbeit, Freizeit, Einkauf und die ständige Ungewissheit, ob es der Familie weiterhin so gut geht, machte schon einen gewissen Streß. Man mußte sehr schnell die Dinge selber in die Hand nehmen und regeln. Wir können sagen, dass wir es beide schnell geschafft haben, in anderen Betrieben eine neue Arbeit zu erlangen. Das selbständige Bewegen in der Gesellschaft, ob Sozialismus oder Kapitalismus, fiel uns nicht schwer.

TWM –  Gibt es etwas von damals, dass ihr vermisst?

UTE und BERND – Ja, wir vermissen das gesellschaftliche Zusammenleben mit Freunden und Bekannten. Jetzt sind alle zu Egoisten erzogen und werden gezwungen auch so zu handeln. Der Staat DDR hat sich da mehr Gedanken um die Gesellschaft gemacht.

TWM – 20 Jahre nach dem Mauerfall. Was denkt ihr über die Wende?

UTE und BERND – Das System Sozialismus/Kommunismus gleicht doch irgendwie dem Kapitalismus. Die Politik ist identisch; der kleine Mann wird ausgebeutet und unterdrückt. Auch findet eine kontrollierende Freiheit statt. Die Wende hat die Reisefreiheit gebracht, aber nur, wenn Du finanzielle Mittel hast. Die Armut und die Arbeitslosigkeit steigt ständig.

Dem Staat interessiert nur die eigene finanzielle Sicherheit, weniger die Einzelpersonen in der Gesellschaft. Der heutige Staat hat keine klaren, eindeutigen Gesetze, sondern nur solche, die er drehen und wenden kann, damit er immer im Vorteil bleibt.

schild_olleDDR

Museumsbaracke "Olle DDR"

TWM – Was denkst du über die “Ostalgie” von heutzutage?

BERND – Ich fördere die Ostalgie. Meine sämtlichen besonderen Gegenstände der damaligen DDR befinden sich in einem Museum in Auerstedt bei Bad Sulza. Dort befinden sich Urkunden von persönlichen Auszeichnungen, Sport-Wimpel, ein alter Fotoapparat, Telefon, Radio, Wasserkocher, Kühlschrank, Komode, Schreibwaren und vieles mehr.

TWM – Was sind aus eurer Sicht die grössten Unterschiede zwischen Ost und Westdeutschland, die noch lebendig sind? Wie kann man das ändern?

UTE und BERND – Ein West-Mensch wird niemals aufhören westlich zu denken. Ein Ost-Mensch denkt aber schon Gesamt-Deutsch, da er zum größten Teil für eine westliche Firma arbeitet und in Ost-Deutschland weiter wohnt. Ein West-Mensch kann die Gesellschaft der DDR nicht verstehen, da er nie darüber die Wahrheit erfahren hat. Ich sage mal, sie kannten die DDR nur aus der BILD-Zeitung !!! (…)

Das Allgemein-Wissen eines Ost-Deutschen ist besser, da die schulische Ausbildung sehr gut war. Die Schieflage kann eigentlich nur der Staat selber in Ordnung bringen, in dem er gesamtdeutsche Aussagen macht und nicht immer wieder durch Gesetze Ost-West Unterschiede beschreibt.

Bei der Lohnzahlung wird in vielen Bereichen noch unterschiedlicher Lohn für gleiche Arbeit gezahlt. Es wird immer ein Ost-Mensch und ein OST-Deutschland für den WESTEN geben, da sie sich immer als Sieger und Geldgeber darstellen.

TWM – Gibt es eine persönliche Geschichte in der DDR, die du damals erfahren hast und mit uns teilen kannst?

BERND – In meiner Akte war eine Kopie eines Briefes an meinen Freund, der vor 1989 die DDR auf illegale Weise verlassen hatte.

Damals kamen Angehörige der Staatssicherheit und stellten mir Fragen über die Flucht meines Freundes aus der DDR. Er mußte damals für mehrere Monate ins Gefängnis bis der Ausreiseantrag gestellt war. Als er in der BRD angekommen war, schrieb er mir in einem Brief, wo er sich befindet und was er jetzt macht. Dieser Brief wurde von der Staatssicherheit kopiert und in meine Akte gelegt. Wir treffen uns jetzt alle zwei Jahre und reden über alte Zeiten.

Gorbachev

Todos os links postados aqui estão em inglês. / All the links in this post are in English.

Há quem o julgue um político fraco. Ou um verdadeiro heroi. Independente das muitas opiniões acerca de sua figura simbólica, o homem com um mapinha na cabeça é peça chave nas mudanças ocorridas em 1989. O ano que marcou o fim de uma era histórica.

Aqui uma entrevista que Gorbachev concedeu recentemente ao jornal The Nation.

Já o vídeo abaixo, traz o mesmo Gorbachev falando a um repórter da rede Al Jazeera.

Gorbachev and Bush

Entrevista com Bush Senior and Gorbachev feita em Berlim há cerca de uma semana para o canal Al Jazeera (em inglês).

Interview with Bush Senior and Gorbachev made in Berlin around one week before for the Al Jazeera channel (in English).

 

A voz do artista

Esse mundo virtual nos proporciona surpresas agradáveis. Ao publicar um post falando sobre a East Side Gallery há alguns dias, eis que surge um comentário enorme e pessoal sobre o tema.

Adivinha quem era? Um artista que pintou na galeria ainda em 1990, um dos primeiros a deixar sua arte por lá. Não o conheço, mas certamente ele achou o meu blog nas ondas cibernéticas

Considero suas palavras uma entrevista absolutamente pessoal que veio até mim sem eu pedir. Merecia, portanto, ser mais que um comentário.

Editei alguns fragmentos, mas boa parte do que ele escreveu está aqui. O depoimento integral pode ser lido nos comentários do post East Side Gallery. Com a palavra, o artista português Kim Prisu:

Metamorfose das existências ligadas num móbil indefinido

1 mur de berlin 2009 kim prisu

Fragmento da obra de Kim Prisu na East Side Gallery. Foto: arquivo pessoal do artista

O Muro de Berlim ( “Berliner Mauer” em alemão) foi erigido um ano antes de eu nascer em 1961. Só sei que quando tinha para ai os meus 11 anos dizia “ que era mais fácil de ir a lua de que passar do outro lado do Muro de Berlim.

E não é que em 1990, no serão de 23 de Junho o meu amigo e artista plástico Hervé Morlay dito VR, me bateu a porta do meu pequeno apartamento do “35\37 rue de Torcy em Paris 75018”, e me perguntou se queria ir a Berlim, que havia um projecto de pintar no muro na parte de Berlim Oriental (RDA).

O (Hervé Morlay) VR ia alugar uma carinha de caixa fechada para 15 dias. 12 horas depois na manhã seguinte estávamos a caminho de Berlim. Passamos uma primeira vez a fronteira França Alemanha. Eu até tinha o meu passaporte caducado mas só me apercebi depois. (…)

Atravessamos a Alemanha ocidental e tivemos de novo de passar outra fronteira, aí no silêncio, mas tudo correu bem. É dizer que a situação já estava no caminho da abertura, e entramos numa auto-estrada toda cercada por uma grande rede com arame farpado, miradouros com guardas armados. Dizíamos um para o outro “e se a um deles lhe passasse pela cabeça de nos dar um tiro?”.

Antes de entrar em Berlim mais uma fronteira. Era para mim muito estranho passar duas fronteiras no mesmo país. Fomos a ter a casa de um artista Alemão “A. Paulun” num Bairro perto do muro no nº 2 da rua “Wrangel” em frente a igreja “St. Thomas” … Foi também aí perto de “St. Thomas” que pela primeira vez atravessei o Muro.

No sitio, ao que me contaram, tinha morrido o maior número de pessoas. Os atiradores estavam colocados às janelas dos prédios do lado oriental. Hoje encontra-se lá um jardim.

Na 1ª semana existia nessa grande brecha, (…) casotas de madeira com guardas que faziam ofício de fronteira. Precisava-se ainda de mostrar o Passaporte, mas já com muita descontracção. Na segunda semana estavam no chão, isso era nos primeiros dias de Julho 1990. Sentia-se a liberdade, não sei como explicar.

Em França um dia, um Português que teve presente em Lisboa (e que tinha na sua pequena oficina de tipografia lá em Paris uma foto com ele e os soldados da revolução em cima de um caro de combate no 25 de Abril 1974) disse-me que naqueles meses em Lisboa sentia-se a liberdade. Era como se a pudéssemos tocar com os dedos da mão.

Senti o mesmo, por isso lembrei-me dessas palavras e chamei o 1º painel “O povo unido nunca será vencido” em recordação. Eu, o meu amigo Hervé Morlay (VR) e o A. Paulum obtemos um encontro com a pessoa que se ocupava do projecto “East Side Gallery”.

Já na segunda semana, entre tanto andamos por lá a pintar entre os dois muros e os miradouros. Só nos ficava 4 dias antes de voltar para paris para entregar a carinha. Foi assim que tive de fazer a 1ª pintura (de 1990) em 3 dias, com muita energia.

A 1ª vez que tivemos em frente desse muro do lado oriental na avenida “Muhlenstrasse” , fomos ver se havia qualquer graffiti. Nenhum. Aquela parede chamava a cor para esquecer que nesse tronco tinham tirado a vida a 9 pessoas… Ainda há muito para contar sobre essa 1ª vez que fui a Berlim mas isso dava provavelmente um filme.

Desta vez, em fim de 2008, fui pela 1ª vez contactado para refazer a minha pintura. Fiz um contrato com eles, como todos os outros pintores que vão refazer a cópia da pintura deles. Os mesmos que pintaram sobre esses 1300m. São 118 artistas para 105 pinturas, 21 países representados, convertendo o lado Este (oriental) do Muro na maior galeria do mundo ao ar livre.

O beijo entre o líder soviético e o seu correligionário alemão oriental é a peça mais célebre, e a que o artista Dimitrij Vrubel pede 15mil €. Mas por agora eles não querem lhe dar essa soma. Dizem que é para todos igual. (…) ele executou-a, pedindo desculpa a cidade de Berlim e oferecendo o cachet a uma instituição caritativa.

(…) Comecei a pintar na terça-feira 26 de Maio, num dia de trovoada, e foi como se tivesse recebido dela uma energia positiva que me meteu fora de mim. Mas antes mesmo de ir o entusiasmo era já enorme.

(…) Há naquele bairro do outro lado do rio nas costas da “East-Side Gallery” muitos ateliês de artistas, pelos quais lutam porque os políticos e os empreiteiros querem se apoderar para fazer um bairro mais snob e para turistas. É que a “East-Side Gallery” encontra-se mesmo no centro de Berlim. (…)

Estive em frente, de novo no mesmo lugar exacto. A 1ª vez não sabia o que havia por detrás, o escadote não chegava para eu ver do outro lado, desta vez existia um pedaço que foi desviado para o lado, o terreno foi comprado pela companhia O2, que construiu em frente um óvni, (é a primeira impressão que tive quando vi aquela arquitectura), um pavilhão para espectáculo e eventos desportivos. (…)

O muro já não me impressionava como da 1ª vez. Já não tinha para mim o mesmo imaginário… Mas comecei como se tivesse de fazer a cópia do de 1990. Mas não me sentia bem. Comecei a pintar deixando a emoção do momento sair, interrompido pelos turistas e pelas entrevistas de jornalistas.

Mas a um momento esqueço tudo o que me rodeia, fico só em frente do muro, e começo a pintar sem me preocupar. Um fundo abstracto, cheio de escritos em varias línguas, que cada dia pintava com mais energia, alegria. Quando comecei a desenhar, as primeiras cabeças vinham mais suaves.

A minha visão desse povo tinha mudado, é que os filme e a História recente do século 20, e a escola na França, nos criaram um imaginário no qual a Alemanha era um inimigo de 2 guerras mundais (…).

Mas desta vez a ideia desse povo tinha mudado em mim. Das duas vezes que lá vivi, 33 dias em tudo, me levaram a uma outra visão desse povo e dos outros que misturados coabitam com eles. Nunca mesmo nunca, das 2 vez senti agressividade. Andei sempre por todo lado e por vezes houve sítios que se fosse em Lisboa ou Paris passava ao lado.

(…) Quando chegou Jörg Weber (…) e outros responsáveis da “East Side Gallery”, comecei-lhe a falar de uma filosofia e de um estado de espírito que tinha em Portugal com o grupo dos Inteiros, o “Impensamental”. E que já estava a “Impensamentar” esta nova pintura a partir da memória da sensação e do desenho de 1990, em uma emoção e sensibilidade do ritmo do vivido de hoje. Era como uma metamorfose do pensamento interior que se mentalizava numa nova obra.

Gostaram da explicação, entenderam como era que eu trabalhava, ele estava a gostar da energia da minha nova representação, e disse-me que por ele podia continuar. Mas estavam com medo, é que havia também a aprovação da responsável da câmara, e que corria o risco de não ser pago, mas eu respondi que prendia esse risco.

A partir de aí foram 9 a 12 horas diárias a pintar, e ainda a sair à noite ver eventos culturais. Ao fim ele me disseram que iam defender a minha obra, e que era obra e atitude de grande artista. Dirk Szuszies num jantar em casa de ele, disse que eu tinha tido uma atitude muito revolucionária, anarquista. Eu retruquei “não, só uma atitude de Inteiro”. Dei-lhe o nome a está nova obra “Metamorfose das existências ligadas num móbil indefinido.

Vim de lá muito feliz. A inauguração vai começar a 6\7 de Novembro até dia 9 de Novembro, no qual faz 20 anos da queda do muro. E como disse Jörg Weber: “não nos compreendemos bem, mas gracejamos muito com a tua pessoa e partilhamos uma grande e bela energia”.

Sentes que foi um povo que muito sofreu, mas encaram a vida de uma maneira muito humilde, e com muita energia objectiva. (…) E para concluir, o meu painel foi aceito.

Kim Prisu. Berlim, Maio-Junho 2009

Mauer Mob: a short interview

A entrevista em português está AQUI.

Planning to come to Berlin and celebrate the 20th anniversary of the fall of the wall? So you better organize yourself very well: there are plenty of activities to do, specially on November, 9th 2009. The official program is HERE.

However, I found a special event concerning the celebrations of 20 years, which is not in the anniversary’s official program. I joined a Facebook community some months ago called “Recreating Berlin Wall – 9th November 2009” and thought: “This idea is really cool!”.

But you may ask yourself now: “What is all this about? Will the Berlin wall exist again?”. No, at least not as symbol of repression as it was before.  It’s a mob to bring people together and reconstruct a kind of “human Berlin wall”. As it’s explained in the project’s official website:

Mauer Mob. 2009 – Recreating the Berlin Wall is a large scale art project in the frame work of the 20 year anniversary of the fall of the Berlin Wall, in Berlin, Germany. The idea is to form on the 9th of november 2009 – the night the Wall fell 20 years ago – a line of people that will recreate the Berlin Wall with their physical presence, marking the path where the wall once stood. Thousands of people will form a human chain that will make its way on the 9th of november around 8.15pm.”

Martin Butler, the initiator of the "mauer mob". Photo: Freundenthal/Verhagen

Martin Butler, responsible for the "mauer mob". Photo: Freundenthal/Verhagen

I could make an exclusive interview per e-mail with Martin Butler, a British performance director and curator. He is the one who initiated the Mauer Mob.

The Wall Memories: Where were you on November, 9th 1989? How did you feel about the fall of the wall?

Martin Butler: on the 9th november 1989 I was partiyng at the (nightclub) Hacienda in Manchester. It represented  for me that people can change themselves if they want to.
.
TWM: From where came the idea to recreate the wall with people?

MB: It seemed like a simple and powerful gesture.

TWM: What is your biggest motivation to make the mob?

MB: I found it an important date to remember, and to reflect upon. It is a part of a series of large scale temporary monuments that I am trying to establish.

TWM: Why to recreate a symbol of repression?
MB: I don’t ask people to recreate a  symbol of repression. I ask people to come together and think about divisions… It is a positive and participatory action.

.

TWM: What is the goal and how many people already confirmed to be there on November, 9th?

MB: The goal is to fill the whole length of the wall, but if  the project effects only two people it will still be a success. But we have now already a few thousand people involved. (Note of TWM: On October, 19th, the official website says that 1828 people are already registered for the mob – including myself. The numbers are always increasing thanks to the social media).

Click on the image to go to the official website of the mob.

Click on the image to go to the official website of the mob.

Just click on the image beside and make a reservation if you are in Berlin and want to be part of the mob on this special 9th November.  You don’t need to pay anything for that and by joining it, you can help to make of it an unforgettable moment, as it was the fall of the wall 20 years ago. I hope to see you there in exactly 3 weeks! Who will come?

P.S.: I apologize for eventual writing mistakes. Take it easy, as English is not my native language. 😉

Mauer Mob – uma pequena entrevista

Você está planejando vir a Berlim para celebrar o aniversário de 20 anos da queda do muro? É melhor se organizar muito bem: há diversas atividades programadas, especialmente no dia 09 de novembro de 2009. O calendário oficial das celebrações está AQUI (em inglês).

No entanto, eu encontrei um evento não-oficial relacionado ao aniversário da queda do muro, graças às mídias sociais. Há alguns meses entrei na comunidade “Recriando o Muro de Berlim – 9 de Novembro de 2009” do Facebook  (em inglês) e pensei: “Puxa, essa ideia é bem bacana!”.

Mas você deve estar se perguntando: “E que história é essa de refazer o  muro de Berlim?”. Ele será recriado, mas não como o símbolo de repressão que um dia já foi.  Trata-se de uma ação coletiva (em inglês mob) que pretende reunir pessoas e reconstruir uma espécie de “muro de Berlim humano”. Como está explicado no site oficial do projeto (em inglês):

Mauer Mob. 2009 – Reconstruindo o Muro de Berlim é um projeto artístico em larga escala  que acontece  em Berlim, Alemanha, durante as comemorações do vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim. A ideia é formar no dia 9 de novembro de 2009 – a noite que o muro caiu há 20 anos – uma linha de pessoas que irão recriar o muro de Berlim com as suas presenças físicas, marcando a trilha onde o muro existia. Centenas e centenas de pessoas irão formar  uma corrente humana que vai se unir no dia 09 de novembro por volta das 8:15 da noite”.

Martin Butler, o organizador da ação coletiva "mauer mob". Foto: Freundenthal/Verhagen

Martin Butler, o organizador da ação coletiva "mauer mob". Foto: Freundenthal/Verhagen

Eu tive a chance de fazer uma entrevista exclusiva por e-mail com Martin Butler, um diretor de performances e curador britânico. Ele é a pessoa que iniciou a ação coletiva “Mauer Mob“.

Memórias do Muro: Onde você estava no dia 09 de novembro de 1989 (o dia em que o muro de Berlim caiu)? O que você sentiu com a notícia?

Martin Butler: No dia 09 de novembro de 89 eu estava em uma festa no (clube noturno) Hacienda em Manchester. Para mim, a queda do muro representou que as pessoas podem mudar a si mesmas se elas quiserem.
.
MDM: De onde surgiu a ideia de recriar o muro com pessoas?

MB: Me pareceu um gesto simples e poderoso.

MDM: Qual a sua maior motivação para fazer essa ação coletiva?

MB: Eu achei que essa é uma data importante para ser lembrada e para se refletir a respeito. A ação faz parte de uma série de monumentos temporários de larga escala que eu estou tentando organizar.

MDM: Por quê recriar um símbolo de repressão?
MB: Eu não peço às pessoas para recriarem um símbolo de repressão.  Eu peço às pessoas para que se unam e pensem sobre divisões… É uma ação positiva e participativa.

.

MDM: Quantas pessoas vocês esperam e quantas já confirmaram presença para o dia 9 de novembro?

MB: O objetivo é preencher a extensão completa do muro, mas se o projeto conseguir somente duas pessoas, ele ainda será um sucesso. No entanto, até o momento nós já temos algumas centenas de pessoas envolvidas. (Nota do MDM: no dia 19 de outubro, o site oficial mostra que 1828 pessoas já se registraram para participar da ação coletiva – inclusive eu. E os números não param de crescer graças ao boca-a-boca das mídias sociais).

Clique na imagem para ir ao site oficial da ação coletiva "mauer mob".

Clique na imagem para ir ao site oficial da ação coletiva "mauer mob".

Clicando na imagem ao lado, você vai ao site onde poderá reservar o seu lugar se estiver em Berlim e quiser fazer parte da ação coletiva nesse 9 de novembro especial.  Não é necessário pagar nada para participar disso e ao se unir à ação, você pode ajudar a fazer desse um momento inesquecível, assim como foi a queda do muro há 20 anos. Espero ver alguém por lá em exatamente três semanas! Quem se habilita?